Às vezes sinto que as pessoas querem ajudar-me, mas não sabem como fazê-lo. Outras vezes, sou eu que peço ajuda e as pessoas, perante o meu pedido, ficam muito atrapalhadas pois não sabem como fazê-lo.
Hoje, sem constrangimentos, vou partilhar convosco como me podem ajudar.
Estas considerações são relevantes para mim, como também serão para outras pessoas como eu.
Se quiserem oferecer-me a vossa ajuda, podem dirigir-se a mim e perguntarem se preciso de ajuda. Apresentem-se, pois é importante conhecer quem nos presta auxilio e não reconhecendo um rosto, uma voz transmite-me confiança e raramente me esqueço dela.
Caso a resposta seja positiva e eu precise da vossa ajuda, devem oferecer-me o vosso cotovelo para eu o agarrar e vos seguir.
É necessário que caminhem um pouco mais adiantados, para que eu vos possa seguir.
Se houver degraus, por favor avisem-me se são a subir ou a descer. Se houver um corrimão devem informar-me, porque gosto sempre de me apoiar.
Quando há mudanças de luminosidade, demoro sempre algum tempo a habituar-me, como por exemplo: quando entro no metro, numa sala mais escura ou mais clara.
Por essa razão, preciso de abrandar para me adaptar. Nestas circunstâncias, tenham paciência e não me puxem.
A cortesia não funciona comigo. Quando chego a uma reunião, não façam aquela vénia e não me digam “faça favor de entrar”. É mais fácil para mim vocês entrarem primeiro e eu seguir-vos.
Adoro que me descrevam o que está ao meu redor. Com a vossa descrição faço um documentário na minha mente. Não me “obriguem a ver” quando eu já não vejo, sobretudo quando me dizem: “vá lá esforça-te, tu vias e agora já não vês. Simplesmente descrevam. É muito importante e fico muito agradecida, porque o estado da minha visão é muito instável: ora vejo alguma coisa, ora já não vejo nada, dependendo de muitos fatores. Às vezes até me parece que vejo, como nos sonhos, mas na realidade é uma ilusão de ótica.
Quando me indicarem uma cadeira para me sentar, coloquem a minha mão no encosto, para eu com o tato puder procurar o assento.
Se saírem de ao pé de mim, por favor avisem-me. Não me deixem desamparada e a falar sozinha.
O sentido de orientação é fundamental para a minha mobilidade. Devem sempre orientar-me, como se estivessem no meu lugar: á tua direita, á tua esquerda, atrás de ti ou á tua frente.
Se eu estiver para atravessar uma estrada, não me gritem, nem me empurrem. Simplesmente perguntem se preciso de ajuda e em caso afirmativo, guiem-me.
NOTA:
Se leu estas considerações fico-lhe muito grata. Acredite que agora, saberá como guiar-me.
Conto consigo.